Bulimia e anorexia já são problemas de saúde pública
O número de casos de anorexia e bulimia nervosas em Portugal é idêntico aos dos restantes países europeus. Os números, divulgados ontem, no Porto, não são muito elevados mas são preocupantes. "Trata-se de doenças debilitantes, perturbações psiquiátricas graves, que devem ser encaradas como um problema de saúde pública, que atingem jovens que não têm idade para sofrer de perturbações", afirmou o psicólogo Paulo Machado, um dos responsáveis por um estudo nacional destas doenças, realizado pela Universidade do Minho.
Através do estudo epidemológico que, envolveu duas mil mulheres com idades entre os 15 e os 20 anos, foram detectados oito casos de anorexia nervosa e seis de bulimia nervosa. Foram ainda, diagnosticadas 53 situações de perturbação alimentar. "Casos subclínicos de anorexia e bulimia, ou seja, que não cumprem todos os critérios internacionais, que são muito restritos, para diagnosticar as doenças, mas já apresentam indícios graves para serem tratados", sublinhou Paulo Machado.
Um dos critérios para diagnosticar bulimia é a ingestão compulsiva de comida, para depois provocar o vómito duas vezes por semana durante três meses. "Imagine-se que é uma vez por semana e que está a acontecer há dois meses. Trata-se de igual modo de uma perturbação alimentar que se deve tratar. O mesmo acontece em relação à anorexia, que se supõe manifestar-se, entre outras coisas, pela falha de ciclo menstrual pelo menos três vezes. "Mas se uma mulher tiver um peso muito baixo para a altura, também deve ser avaliado o seu comportamento alimentar", explicou o psicólogo.
Mas estas perturbações alimentares têm tratamento. "É complicado e demorado, mas os tratamentos psicoterapeuticos e com psicofarmacos têm tido alguma eficácia", referiu Paulo Machado, acrescentando que o "maior problema é o paciente assumir que sofre da doença". Estas situações "são vividas normalmente com grande secretismo", acrescenta. Um estudo efectuado na Holanda refere que apenas 30% das mulheres que sofrem de anorexia procuram ajuda, enquanto que só 6% das que sofrem de bulimia é que recorrem a tratamentos.
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