Como segundo trabalho no âmbito
da cadeira de Design e Comunicação Visual, foi-nos proposta a criação de uma
composição visual, associada à criação de uma composição tipográfica. Poderíamos escolher uma notícia, um texto ou até mesmo
um poema e utilizá-lo para a concretização do trabalho.A proposta 2 tem como objetivo principal fazer entender que «(…) a letra nasce para transmitir conhecimento e informação,mas como é um produto de design – cada letra é um desenho - (…) está sempre a evoluir, seguindo o ritmo da cultura.» (COSTA, 2010). A letra era,
portanto, o mais importante da composição, devendo desempenhar o mais
importante papel no resultado final.
Comecei por procurar algumas
notícias relacionadas com moda e festivais, mas rapidamente decidi optar pelo
meu poema favorito: “Ausência”, de Sophia de Mello Breyner:
Num deserto sem água
Numa
noite sem lua
Num
país sem nome
Ou numa
terra nua
Por
maior que seja o desespero
Nenhuma
ausência é mais profunda que a tua.
Este poema, para além de
extremamente bem escrito, possui, na minha opinião, muita força em cada palavra
que tem. Por ser pouco extenso, cada frase tem um grande impacto no leitor,
principalmente porque todo o poema remete para espaços e elementos possíveis de
imaginar na nossa mente (“lua”, “água”, “deserto”, “país”, “terra”, “noite”,
etc.), sendo por mim considerado um poema bastante visual.
Passei, então, para a fase de
construção da tipografia. O programa utilizado foi o Photoshop. Achei que fazia
sentido conjugar pelo menos dois dos elementos mencionados no poema, tendo
escolhido três: a noite, a lua e a água. Encontrei uma imagem na Internet que serviu
como Layer 1 e que foi a minha inspiração:
Comecei por criar a água, com
letras azuis, adotando diferentes fontes e efeitos (como Arch, Fish ou Wave), tentando assim
criar um efeito de movimento. O verso do poema que utilizei neste elemento da
composição foi “Num deserto sem água”, por ser aquele que claramente mais se
relacionava com o pretendido.
Seguidamente tornei os pequenos
pontos de luz da imagem em letras soltas. Com o efeito Overglow iluminei-as, de maneira a parecer que eram efetivamente
estrelas.
Por último elaborei a lua.
Primeiro tornei-a igual à da imagem, um círculo de luz brilhante; depois, visto
que tinha sido várias vezes mencionado que o mais importante a trabalhar era a
letra no seu papel estético e simbólico, decidi ocupar todo o seu interior com
as restantes palavras do poema, soltas, sem constituírem frases. No final,
realcei a Bold as palavras que constituíam o último verso (“Nenhuma
ausência é mais profunda que a tua”).
A escolha das cores, para além de
inspirada na imagem, foi propositada. O preto e o azul, cores escuras e
carregadas, simbolizam na perfeição o desespero e a saudade que o poema
transmite. As luzes da lua e das estrelas denotam, na minha opinião, uma certa melancolia.
Penso que o meu resultado final,
apesar das dificuldades que tive a realizá-lo, ficou satisfatório e conseguiu
cumprir o objetivo proposto.
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